segunda-feira, 27 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
domingo, 19 de abril de 2015
POEMA SEM TÍTULO
O país está morto, poeta
Mas antes fez questão de vir
aqui zombar de ti,
de cuspir à sua porta,
de surrupiar seu cão,
cantar sua mulher,
adular seus filhos.
O país apodrece, poeta
E não vale sequer um verso,
Uma única metáfora,
Uma imagem confusa/concreta
feita de escárnios e excrementos.
Não vale.
O país está ali, logo ali, poeta
naquele caixão em que
[aparenta a serena revolta
que nunca se fez
No odor parco e já putrefato, frio
como flores de hálito suicida.
O país é tudo isto, poeta
E mais, um meticuloso fantasma que agoniza
sem vestes
uma louca meretriz sifilítica/nua
na esquina enfumaçada,
onde o bêbado escarra as vísceras
e ousa ainda beijar a lua solitário
e agarrar-se a ela como um náufrago.
O país é reticente, poeta
Feito fênix em verniz, acredite,
E pode travestir-se de inúmeras faces
máscaras indecifráveis d'um teatro lúdico e trágico
nonsense - circo cuspido a ferro/fogo
com seus palhaços mórbidos/flácidos
que costumam costurar o desespero
na coxia.
O país é um rascunho, poeta
É o que aí, está.
Tão extinto, exilado em si
Faz-se a pleno vapor, locomotiva de vermes
Confluência de orgasmos súbitos
Hiperestesia sincronizada de punhaladas e golpes
cada vez mais fatais:
mesmo que o sangue não jorre,
mesmo que o grito sufoque,
mesmo que a palavra não seja impressa.
O país defunto é e será sempre este, poeta.
Completamente fantasmagórico.
Contente-se com o tráfego ensaiado e lento
Com a dureza dos dias contados pré-fabricados
Com a fantasia mutilada/ roída pelos ratos
Contente-se com o que está morto e ainda assombra, poeta
E depois, sangre calado.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
BANQUETE POÉTICO
3 poemas de minha autoria publicados no ótimo Banquete Poético de Antônio Damásio Rêgo: Isadora Dança, A Poeta & Ao Meio. Para quem não conhece, vale a pena dar uma visitada e apreciar os excepcionais poetas & poemas que lá se encontram.
http://www.banquetepoetico.com.br/
http://www.banquetepoetico.com.br/search/label/Leandro%20Rodrigues
quinta-feira, 9 de abril de 2015
ISADORA DANÇA
Isadora Duncan
mesmo morta
ainda dança na contra-luz
da Lua.
Isadora ousa precipita-se
num passo solto
e profundo
padedê-precipício
Então salta num voo
livre tênue
em slowmotion-pasodoble
frágil-infinito.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
OUTRAS MARGENS Nº 2
Há muitas outras margens
que escorrem do rio/olhar
do homem
que insiste em remar seu barco
mesmo parado
estagnado no nada
E não adianta acenar
Sequer gritar.
O homem permanece ali
remando, remando
sem sair do lugar.
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