Mostrando postagens com marcador Faz Sol Mas Eu Grito - 2018. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Faz Sol Mas Eu Grito - 2018. Mostrar todas as postagens
sexta-feira, 2 de março de 2018
POEMA DE CINZA CHUMBO
I
O pai ousou gritar nos dias cinzas de chumbo
A mãe rodava panfletos num velho mimeógrafo estéril
Nada entendíamos
Cantávamos tristes canções entre os ciprestes e as sombras.
II
Os mortos insepultos são partes da paisagem
Estão ali nas escadas
Emparedados naquele mar
Seus gritos tangem o fosso - precipícios
enferrujados elevadores do centro,
desvalidas memórias amputadas.
III
Na vala comum desses dias - ossos de um país moribundo
Rescaldos de versos enlameados
No chão que é de poucos
No mausoléu de granito o ditador com honras apodrece
Comunga avenidas e praças de desatada sangria
IV
O pai tecia longos poemas sobre a revolução
A mãe espreitava as frestas do fim do mundo
Nada entendíamos
Dormíamos entre as lápides quebradas da tarde.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
sábado, 3 de fevereiro de 2018
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
JORNAL
I
O que embrulhas
além de mentes?
peixes?
ração para cachorro?
Nas horas mortas
de um crime
de certo - estômago
Com a tipografia de sangue
editorial.
II
enquanto me calo e bebo o café,
o país é pilhado por incontáveis ladrões
eu conto as sílabas do poema na fumaça da xícara
e do silêncio
o noticiário formatado para uma plateia de cera traz inúmeros
[ interesses
rimará?
a tela, meus olhos, a carne
um poema atado
cortado no pulso
morto
como o país.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
AUTOEXÍLIO
Um retrato torpe do nosso tempo
ali na parede
corroído pelas traças e pela distância
O sofá rasgado, a parede descascada
Um jardim de ervas daninhas a tomar conta
Persianas enferrujadas denunciam ainda mais
a ausência cinza de tudo
No chão a sombra desfigurada
desenha um pássaro
nosso canto em autoexílio.
ESQUADROS
Na curva dos dias
cabelos encrespados de areia e sombra
Mobilizam-se desordenados
Discorridos - progressiva ruptura
As vozes do caramanchão estendem as frestas
Espelho estilhaçado
Horas despidas
Range a teia secular - nosso grito
Molda-se amputado
Já não temos luto, nem esquadros.
GREVE
Depois da greve
Viraremos árvores
Simétricas árvores
a
b
s
o
l
u
t
a
s
nosso grito será o sol estampado nas folhas
nossas veias amplas raízes entrelaçadas
nos mortos
nossa mais rara espécie de orquídea
brotará do medo, a seiva da liberdade.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
Um Poeta, Um Marco, Um Livro, Um Poema
https://www.youtube.com/watch?v=IOvICPQr3OM&t=2s
O curta poético experimental realizado por Jesse Navarro sobre
os poemas:
O Marco Andante e Marco KM 16.
Assinar:
Postagens (Atom)