REVISTA CULT 177 - A GOLPES DE MARTELO

O poema A GOLPES DE MARTELO foi publicado na Edição 177 da Revista Cult,
Março de 2013.

INCONDICIONAL Nº 2

Sou dramático,
nasci para o desespero
Vejo o fim no começo
poesia no desprezo.

HAICAI DAS HORAS

escurece o tempo
a noite nem conta
permanecem os ponteiros no vento

CHUVA CONTÍNUA

Essa chuva infinda
Riscos no céu
Inunda e umedece
toda existência.

QUADRILHA

João assassinou Raimundo
que matara Teresa
que envenenara Lurdes
que enforcara Heitor
que fora traído por Helena
que pertencia a outro grupo
do tráfico
João foi preso e entregou
os outros comparsas
- terminou sufocado na prisão.
Helena mudou-se para outro
estado, alterou a identidade
e agora se chama
J. Pinto Ribeiro
nome de guerra e de batismo.

RELÓGIOS ANTIGOS

Dizem que antigamente

quando morria alguém na casa,

paravam os ponteiros do relógio

naquela hora,

Naquele minuto-instante.

E assim permaneciam

dias, semanas...

Como guardando intactos

o momento crucial.

Então, uma boa mão mais velha

acertava os ponteiros.

E o tempo voltava a correr

Irrestrito-incondicional.

Belos relógios antigos,

não apenas contavam as horas, mas

demarcavam o tempo e as existências.

Antes   Rio   Rimas
Culpa
Eu Mesmo
A - T - R - A - V - E - S
S
   O
O Rio
E Tiro Os Sapatos
A - T - I - R - O
As Rimas
       Para
              O
                 Fundo
A Culpa
Eu Mesmo
A - V - E - S
S
   O
O Rio
A - T - R - A - V - E - S
Sapatos
A - T - R - A - S
        Para
               O
                  Fundo