quinta-feira, 6 de setembro de 2012

SÃO PAULO III






Edifícios - mares de porvir
entre antenas e selvas
a lírica forma
                   de um dorso nu.

Corpos de pedra e vidraça.
Na tela: um pivete que salta
e assalta o olhar da moça do Trianon.

Despedaçam-se as formas,
os planos cartesianos ou não.
A estrangeira, o bêbado, o homem quase sério,
mas descabido.

No esgoto, um bocejo matinal.
No corpo, um desprazer assexuado.
A morte incompatível de Orpheu e Eurídice.

Ah! São Paulo das almas revolucionárias de 22,
Dos padres que ainda catequizam no pátio do colégio
os índios virtuais.
Das sombras mortas da Revolução que descem o Vale
e se refugiam no viaduto.

São, são tantos... Do chá amargo ao café temperado e semi-puro.
Do beijo de hortelã, à moça de olhar simbolista.
Sem compasso, sem esquadro, sem tempero.
Do corpo exposto à mais-valia, à dor nossa de cada dia:
São Paulo. São (Plural - 3ª pessoa).



















                                                           

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