segunda-feira, 12 de outubro de 2015
1937
Sob uma incerta crueza, dorme-se ao relento,
escondem-se os espelhos cortados sob o
travesseiro de penas de galinha. Adornam-se
os ódios ressurgidos na ponta da língua, entre
grades de um ferro carcomido, enferrujado.
Presta-se continência às trágicas sombras
infiltradas que transpassam o vidro escuro-
estilhaçado-embaçado na ampla fuligem
imemorial que nos amortece.
Uma linda garota de olhos azuis bebe todo
o veneno para ratos.
Por um punhado de sobras, restos de janta
atirados no lixo, delata-se ao novo órgão
repressor.
Na chuva, os homens se mostram em suas
certezas, contraditórias asperezas vãs.
Demarcadas pegadas nas poças de lama.
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