Anoiteço
Com longos versos de bukowski
Num caminho aberto
de chumbo e cipreste,
Com a boca turva/ calada
mortalha desfiada
pelo uivo da matilha,
Nos golpes precisos/
aniquilada-
matéria finda.
Todos sabem quem são os ladrões
desse inverno.
Quem furta a noite, o soco
E vomita seu limbo
na fresta da lua às mínguas/
lua restrita/ dura,
exilada no porão.
Todos sabem.
Ou fingem saber
dessa tragédia monótona/ manchada
desprovida de carne/ esfacelada
pelo antepassado açoite de metal,
ranhuras profundas/ espirais de aço
jardins de fuligens.
dos galhos secos enfeitados
o grito aflito-presente/ ressente
poema torto - em alto-relevo,
desdobrada agonia/
corrosivo-desprezo,
nas obscuras pétalas de óleo
improváveis marcas de sangue
da cidade muda/ disforme.
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