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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
MORDAÇA
Sem cor, sem tez, sem pulso
Rareiam as palavras
Mas não os golpes/ a tortura
Receio
Cada outro porto que não se atraca
Cordilheiras de um fauno intacto
Despojados de sua carne e vísceras
Como outras requentadas agonias fúnebres
Homens chegam sedentos cuspindo fuligens-terçãs
Em San José um mártir recita versos e se cala subitamente
frente ao muro caiado
Em San Martín uma camponesa estende a sopa rala
para quem puder pagar
Depois recolhe a toalha, pois a noite já vem.
RAÍZES
Escrevo torto em desmedida decomposição
Não tarda abreviarmos tudo
Reinvento desenhos com simetrias descentralizadas
Não descendo de nada
Agora apenas traduzo as formigas e o que mais arrastam
Ciprestes imóveis em horas mudas
Descascados túmulos em que os insetos adentram
Para criar raiz nos mortos.
ESPECTRAL XV
Poucos espelhos se mantêm intactos
e em cada rosto que se quebra
a marca fria da cicatriz disforme
caleidoscópio antigo em que outras faces
se cruzam como espectros soturnos
Apunhalei girassóis com minhas palavras trincadas
e os dentes servis degustaram ódios e crimes
com pompas de quem salpica a noite com versos
[ do mais impuro sangue
mas estive mesmo pleno - em voo e concisão
nessa lua avulsa e desmedida:
traga teu punhal para desferirmos juntos os golpes precisos
nessa poça avermelhada em que todo sangue derramado
encarna a luminosidade branca do satélite rústico
que paira inútil sobre nossas ocas cabeças tristes
como a demarcar as imaginárias fronteiras.
DIVERSOS AFINS Nº 108
Foto: Ricardo Laf
Com os poemas: 1915, Espectral XV, Raízes, Mordaça,
Metodologia do Nada & Estetino (Ou No Caminho Com
Bukowski) na ótima Diversos Afins Nº 108 em Janelas
Poéticas:
http://diversosafins.com.br/janela-poetica-iii-43/
Com os poemas: 1915, Espectral XV, Raízes, Mordaça,
Metodologia do Nada & Estetino (Ou No Caminho Com
Bukowski) na ótima Diversos Afins Nº 108 em Janelas
Poéticas:
http://diversosafins.com.br/janela-poetica-iii-43/
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
domingo, 27 de setembro de 2015
1915
desconheço cada resistência/ os golpes em vão
o grito amargo dos cavalos ao meio-dia
a impressão inexata do que é cáustico
louco
a inexpressiva exatidão do que é risco
sombra/ espasmo
livre ressonância do espelho fragmentado
opressivo/ esfacelado
mil cacos pontiagudos na face do nada
na face do nada
e em frente ao rever os cavalos & seus gritos
o meio-dia fragmentado exposto cru entrelaçado
corte recorte sombras opressivas
gritos despojados em arestas.
segunda-feira, 20 de julho de 2015
ESTETINO (OU NO CAMINHO COM BUKOWSKI)
Anoiteço
Com longos versos de bukowski
Num caminho aberto
de chumbo e cipreste,
Com a boca turva/ calada
mortalha desfiada
pelo uivo da matilha,
Nos golpes precisos/
aniquilada-
matéria finda.
Todos sabem quem são os ladrões
desse inverno.
Quem furta a noite, o soco
E vomita seu limbo
na fresta da lua às mínguas/
lua restrita/ dura,
exilada no porão.
Todos sabem.
Ou fingem saber
dessa tragédia monótona/ manchada
desprovida de carne/ esfacelada
pelo antepassado açoite de metal,
ranhuras profundas/ espirais de aço
jardins de fuligens.
dos galhos secos enfeitados
o grito aflito-presente/ ressente
poema torto - em alto-relevo,
desdobrada agonia/
corrosivo-desprezo,
nas obscuras pétalas de óleo
improváveis marcas de sangue
da cidade muda/ disforme.
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