quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A ESTÁTUA DO POETA






O poeta de concreto
Estátua na praça
para as pombas
do meio-dia.

O poeta e suas lentes
de concreto
As pombas não se cansam
de cagar nele.

No meio-dia
Os turistas o abraçam
O poeta-estátua
cria fuligem, limbo-cinza
faz parte da paisagem.







segunda-feira, 22 de julho de 2013

GOLPE







4 versos - 1 martelo
o prego  - palavra
o golpe  - a rima
ou ausência:
versos livres golpeados.







segunda-feira, 24 de junho de 2013

OS NADADORES






O rio é profundo.
Reparo que nele
há nadadores mortos.
A água escura encobre

Os nadadores mortos
nadam,
puxam o fôlego.
Sobrepõem-se ao turvo e
às plantas aquáticas.

Os nadadores mortos
ainda nadam.






terça-feira, 28 de maio de 2013

CORDIALIDADE



cor   dial
ida     de
ida
        cor
de
       dual
cor
ida
          de




quinta-feira, 9 de maio de 2013

CRIAR-RE-CRIAR-RE-CREAR


crio
      re
crio
      trans
firo
      trans
piro
      re
firo
      des
crio
      des
piro
      des
firo


domingo, 5 de maio de 2013

ANTI-PESSOAL






Eu -1ª pessoa
             ou 3ª
Sou muitos
anti-pessoal
Sou poucos
pronome-oblíquo
quase reto
dissimulado
sem asas
torto por demais
velho, assimétrico
imprevisto




sábado, 4 de maio de 2013

ÓPIO






Acordo e aflito deparo-me
com a treva manhã turva
o corpo cansado mutilado
aos pedaços
- alma entrecortada,
             farpada em arames

Aquilo que seria, o vir-a-ser
tornou-se ópio fuligem respira-se

O que deveria ser verso, música, silêncio
- torpor e ausência mútua

Que mal sei o quão negra
é essa manhã, esse rastro, o cortejo
Que acompanha-me sem fim
tarda-me?

Nos olhos feitos arde o cinza
a folia, o carnaval dos dias negros
inválidos, semi-aparentes
metades

Adormeço e aflito deparo-me
com um país
Um país que já não conheço


Esqueço.



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Abro as janelas
fecho o horizonte.