Mostrando postagens com marcador InComunidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador InComunidade. Mostrar todas as postagens
domingo, 2 de julho de 2017
4 Cenas Do Cão Andaluz
I
por que um cão sangrento
atravessa-nos à noite
e reduz a lua com
seu brilho no esgoto
numa parca brancura
disforme moldada
ou uivo do mau agouro
encarcerado/ sombra des-
fragmentada num osso
de nossa própria (in) existência
as vísceras repugnantes
à mostra para consumo
da matilha e suas fartas mandíbulas.
II
o ventre exaurido do parir eterno
constante:
palavras, palavras, versos
desarticulados/ disformes
e tão orgânicos.
III
costumeiramente rasgados
no cordão arrancado
com navalha fria, afiada
bem trabalhada.
IV
no rescaldo de tudo
o cão - o grito
se deita - carne viva
restos de pelagem
moldura mórbida estática
da sala de jantar imponente
com seus móveis discretamente apoiados
em calços vermelhos e
nas sombras tortas desfocadas
de todos aqueles animais mortos
da família - empalhados
o sangue que ainda respinga
pisado.
Marcadores:
APRENDIZAGEM CINZA - EDITORA PATUÁ - 2016,
InComunidade,
LITERATURABR,
MALLAMARGENS,
Revista 7 Faces,
Revista Gueto,
Zona da Palavra
segunda-feira, 19 de junho de 2017
InComunidade Nº 57
Vários poemas do Aprendizagem Cinza, Ed. Patuá, 2016, foram
publicados na revista portuguesa In Comunidade em sua edição 57:
http://www.incomunidade.com/v57/art.php?art=165
quinta-feira, 28 de abril de 2016
InComunidade
Com alguns poemas do livro Aprendizagem Cinza
na Revista de Portugal InComunidade
http://www.incomunidade.com/v45/art.php?art=78
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
RAÍZES
Escrevo torto em desmedida decomposição
Não tarda abreviarmos tudo
Reinvento desenhos com simetrias descentralizadas
Não descendo de nada
Agora apenas traduzo as formigas e o que mais arrastam
Ciprestes imóveis em horas mudas
Descascados túmulos em que os insetos adentram
Para criar raiz nos mortos.
sábado, 10 de outubro de 2015
1910
5 tiros de chumbo disparados
para a Lua
O gosto metálico cinza de fuligem
e pontiagudas arestas invertidas
Escombros/ restos de uma manhã
covarde
Os gritos expostos na paisagem aprisionada
- enquadrada janela em estilhaços
Um terço caído no chão
trêmulas mãos monitoradas
Mulheres com seus longos vestidos negros
habitam praças, leitos de rio, pátios desgrenhados
e dão sua canção de ninar
ao vento.
quarta-feira, 24 de junho de 2015
SÃO PAULO IX
Na cinzentude opaca
de fuligem e concreto armado
estilhaços - espaços entre as grades
fragmentos e frestas
o grito
que vem das galerias
de esgoto e escorre
entre o rio que não
é rio
e a revolta represada
na merda.
]
Três tiros bastaram
para sangrar essa lua
para estancar esse medo
para escorrer o óleo diesel
do olhar lacrimejante
da moça bem vestida da Consolação.
]
Três golpes frios - lâmina branca
para jorrar ladeira abaixo
todo esse lixo de plástico descartável
- biodegradável
Todo esse caráter artificial
mais valia $ $ $ $
com gosto de opressão
(os subúrbio pulsam)
]
Na cidade mais podre/
em putrefata simetria
(de chumbo)
[
Três tiros bastaram
para apagar de vez esse lirismo doente,
doentio,
semi-morto.
terça-feira, 5 de maio de 2015
LOUVAIN
Quem estará frente ao espelho
na noite saqueada?
Quem despirá a escuridão
desses corpos turvos medidos mudos petrificados
sumidas silhuetas noites de perpétuas sombras/
ancestrais penas?
Quem decifrará a carta suicida não escrita
mas salpicada de sangue
lançada ao vento/ ao mar/ ao espaço
em folha vegetal tão recortável minúscula?
Quem?
Ao meio-dia ousou ser a metade de tudo
o quanto não foi, nem sequer será ao certo e
andando entre as ruas com sua meia-sombra
num dia inválido impróprio com gosto de
fuligem barroca abstrata cena se curvou
para ver as horas e viu um relógio sem
ponteiros e teve pressa de não chegar
Panas And Echo
Panas and Pytis
The Cult of Pan
des
ceu
os
de
graus
bebeu toda água da clepsidra
adornou bonecos entalhados de madeira
mastigou as velas e o curto pavio do desprezo
anotou endereços de antigos colegas mortos só para atirar
nos jardins sementes de ipê roxo branco amarelo ou mesmo
girassóis que irão nascer no crepúsculo.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
OS NADADORES
O rio é profundo.
Reparo que nele
há nadadores mortos.
A água escura encobre
Os nadadores mortos
nadam,
puxam o fôlego.
Sobrepõem-se ao turvo e
às plantas aquáticas.
Os nadadores mortos
ainda nadam.
Assinar:
Postagens (Atom)