sexta-feira, 16 de agosto de 2013
O CAVALEIRO, OS MOINHOS E CIA...
- Ó fidalgo Dom Quixote, meu senhor e cavaleiro, diga-me: o rei sabe o tanto que temos feito por ele? De todas essas glórias e desilusões?
- O rei sabe de tudo, meu fiel escudeiro, não tardará a recompensa que almejas. Não tardará!
Sancho sorriu. Esboçou uma alegria pueril, como há muito não fazia.
Mas Dom Quixote não. No fundo ele sabia que toda aquela aventura, todas as desilusões eram apenas para si mesmo. A recompensa não viria. Não haveria condecorações, nem elogios (um fazer poético?). Sabia perfeitamente que os moinhos eram apenas moinhos. Sabia que a ilha não existia e que o rei jamais soubera ou saberia da existência deles. Mesmo assim seguiam. Empunhavam suas lanças com firmeza e galopavam. Ele e seu fiel escudeiro. A tarde caía - ignorava.
OS ESCOMBROS DA NOITE
Ele havia feito todos os exames. Estava curado. O médico elogiara os resultados, o tratamento impecável. Gozara agora da mais perfeita saúde. Sorria.
À noite, quando todos dormiam, levantou-se. Desceu ao porão, procurava algo.
Pela manhã encontraram-no. Os pés 30 centímetros do chão. A corda estática. Sem movimento.
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
CÉU AZUL PÁSSARO METÁLICO
céu
azul
aberto
só
o pássaro
metálico
paira
logo
a
tra
ves
sa
o azul
recorta
o tempo
e o céu
de
s
m
a
i
a
A ESTÁTUA DO POETA
O poeta de concreto
Estátua na praça
para as pombas
do meio-dia.
O poeta e suas lentes
de concreto
As pombas não se cansam
de cagar nele.
No meio-dia
Os turistas o abraçam
O poeta-estátua
cria fuligem, limbo-cinza
faz parte da paisagem.
segunda-feira, 22 de julho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
OS NADADORES
O rio é profundo.
Reparo que nele
há nadadores mortos.
A água escura encobre
Os nadadores mortos
nadam,
puxam o fôlego.
Sobrepõem-se ao turvo e
às plantas aquáticas.
Os nadadores mortos
ainda nadam.
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