quarta-feira, 24 de junho de 2015
SÃO PAULO IX
Na cinzentude opaca
de fuligem e concreto armado
estilhaços - espaços entre as grades
fragmentos e frestas
o grito
que vem das galerias
de esgoto e escorre
entre o rio que não
é rio
e a revolta represada
na merda.
]
Três tiros bastaram
para sangrar essa lua
para estancar esse medo
para escorrer o óleo diesel
do olhar lacrimejante
da moça bem vestida da Consolação.
]
Três golpes frios - lâmina branca
para jorrar ladeira abaixo
todo esse lixo de plástico descartável
- biodegradável
Todo esse caráter artificial
mais valia $ $ $ $
com gosto de opressão
(os subúrbio pulsam)
]
Na cidade mais podre/
em putrefata simetria
(de chumbo)
[
Três tiros bastaram
para apagar de vez esse lirismo doente,
doentio,
semi-morto.
terça-feira, 23 de junho de 2015
segunda-feira, 15 de junho de 2015
nascente
apenas um olho d'água
fiapo que escorre
para se encorpar
nascente
que há de ser rio
de margens longas/ beiradas
e seus afluentes
como a palavra
que se risca
em rasuras infindas,
cortes/ traços
e que vai se encorpando verso
- águas de transição -
até se tornar poema.
quarta-feira, 10 de junho de 2015
IDAS & VINDAS
A estrada desaparece
dos olhos
E eu canto
E a morte vem na poeira
do dia
Da terra que vai
Da terra que vem
Um punhado de terra
apenas bastaria
para plantar
para comer
para enterrar
quem morre
Mas a terra
tem pouco dono
- muita lei
E o canto desaparece
na poeira
E a morte que vai
É a morte que vem.
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