segunda-feira, 24 de junho de 2013

OS NADADORES






O rio é profundo.
Reparo que nele
há nadadores mortos.
A água escura encobre

Os nadadores mortos
nadam,
puxam o fôlego.
Sobrepõem-se ao turvo e
às plantas aquáticas.

Os nadadores mortos
ainda nadam.






terça-feira, 28 de maio de 2013

CORDIALIDADE



cor   dial
ida     de
ida
        cor
de
       dual
cor
ida
          de




quinta-feira, 9 de maio de 2013

CRIAR-RE-CRIAR-RE-CREAR


crio
      re
crio
      trans
firo
      trans
piro
      re
firo
      des
crio
      des
piro
      des
firo


domingo, 5 de maio de 2013

ANTI-PESSOAL






Eu -1ª pessoa
             ou 3ª
Sou muitos
anti-pessoal
Sou poucos
pronome-oblíquo
quase reto
dissimulado
sem asas
torto por demais
velho, assimétrico
imprevisto




sábado, 4 de maio de 2013

ÓPIO






Acordo e aflito deparo-me
com a treva manhã turva
o corpo cansado mutilado
aos pedaços
- alma entrecortada,
             farpada em arames

Aquilo que seria, o vir-a-ser
tornou-se ópio fuligem respira-se

O que deveria ser verso, música, silêncio
- torpor e ausência mútua

Que mal sei o quão negra
é essa manhã, esse rastro, o cortejo
Que acompanha-me sem fim
tarda-me?

Nos olhos feitos arde o cinza
a folia, o carnaval dos dias negros
inválidos, semi-aparentes
metades

Adormeço e aflito deparo-me
com um país
Um país que já não conheço


Esqueço.



.................................................



Abro as janelas
fecho o horizonte.







segunda-feira, 22 de abril de 2013

A VALSA DOS MORTOS


                                                        Mário Peixoto - 1931 - Limite





As nuvens cinzas passam
a tarde é comovida
               - consumida.

São Paulo - Mário de Andrade
e suas avenidas.




a morte é um anúncio na tv
dois homens de bigode e paletós
                         conversam na tarde

Chove!
São Paulo: comoções, aparentes.



O Vazio. Do Trianon à Praça Clóvis
Vazio absoluto.
Nem todos os subúrbios,
todas as misérias pedintes
        preencherão tal vazio.
              (absoluto!)



Do projeto interminável,
os escombros de uma noite,
de um dia que não se fez
(esquecido na memória
ou na ladeira da saudade)





sexta-feira, 12 de abril de 2013

PAISAGEM MORTA






Corro distante me abstraio
A noite é longa intraduz-antes
O medo de não sabê-la inteira
De não decifrá-la única
- prática - inconstante

Na infinita sugestão  - o corpo
Memória descrita     - o receio

Perdi. Perdeste, senhora:

Em que instante morremos a paisagem?